Iniciativa conecta universidades, institutos de pesquisa, empresas e governo na pesquisa colaborativa de soluções reais em alimentação e saúde.
Diabetes, obesidade, deficiências nutricionais, desperdício de alimentos e mudanças climáticas são apenas alguns dos desafios que impactam a saúde, o meio ambiente e a segurança alimentar da população brasileira e mundial.
Problemas complexos como esses exigem soluções construídas por meio de pesquisa colaborativa, com a participação de universidades, institutos de pesquisa, fundações de apoio, cooperativas, empresas, governo e a própria sociedade. É esse arranjo que dá vida a um verdadeiro ecossistema de inovação, em que diferentes saberes e setores se articulam para transformar conhecimento em soluções reais.
A partir dessa visão, nasceu a Plataforma Biotecnológica Integrada de Ingredientes Saudáveis (PBIS), Núcleo de Pesquisa Orientada a Problemas em São Paulo (NPOP) liderado pelo Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital), com apoio da Fapesp e em parceria com universidades e empresas do setor alimentício.
Estruturado com base no modelo internacionalmente reconhecido da tríplice hélice da inovação — que une ciência, setor produtivo e governo —, o NPOP-PBIS também incorpora elementos da inovação aberta e da chamada quíntupla hélice ao integrar preocupações ambientais e sociais no desenvolvimento de tecnologias aplicáveis à indústria de alimentos.
Pesquisa colaborativa como caminho para a inovação e a transformação
Os NPOPs são fruto da primeira chamada do Programa Ciência para o Desenvolvimento da Fapesp, que propõe uma nova forma de fazer pesquisa no Brasil: com foco na ciência aplicada para a resolução de problemas reais e atuais da sociedade.
Na prática, isso significa que cada desafio de pesquisa das plataformas do NPOP-PBIS foi construído em diálogo direto entre empresas do setor alimentício, instituições de pesquisa e universidades: a indústria apresenta os gargalos e oportunidades, enquanto os cientistas atuam para desenvolver soluções com base em evidências e inovação tecnológica — sempre com o apoio e a articulação do setor público.
Para dar agilidade e foco a esse processo, o NPOP-PBIS adotou ferramentas de gestão ágil, como o Scrum, com reuniões regulares, metas curtas e entregas contínuas. As plataformas atuam com ciclos de planejamento e execução que permitem adaptar estratégias, priorizar o que gera mais valor e manter todos os parceiros alinhados.
Esse formato cria um ecossistema de inovação, onde o conhecimento circula por laboratórios, plantas-piloto, fábricas e escritórios. E ao incorporar preocupações sociais e ambientais, como a promoção da saúde, a otimização do uso de recursos naturais e o aproveitamento de resíduos, o PBIS vai além da tríplice hélice, conectando-se aos princípios da quíntupla hélice da inovação.
Da teoria à prática: inovação com foco em resultados
As quatro plataformas de pesquisa do PBIS mostram como essa articulação entre a pesquisa científica, o setor produtivo e o governo se transforma em soluções concretas. Cada uma foi estruturada com metas bem definidas, orientadas por demandas da indústria e da sociedade, e opera com metodologias ágeis para garantir entregas consistentes.
Conheça alguns dos resultados alcançados pelas plataformas aqui no blog:
- Lipídios de baixa absorção: inovação para alimentos saudáveis
- Extratos fenólicos: como a ciência transforma resíduos em saúde
- Proteína doce: a ciência para adoçar sem açúcar
- A inovação da proteína vegetal feita no Brasil
Pesquisa colaborativa para solucionar problemas da atualidade
Todas essas pesquisas envolvem a colaboração entre instituições públicas de pesquisa (como Ital e IEA), universidades (como USP e Unicamp), pesquisadores, estudantes, empresas do setor alimentício, fundações de apoio e gestores administrativos. É essa rede articulada que permite transformar conhecimento em soluções aplicáveis e alinhadas às necessidades reais da indústria e da sociedade.
Atualmente, fazem parte do PBIS Bunge, Cargill, Coplana, Dori Alimentos, Grupo Jacto, Ingredion, Marilan, Seara e SL Alimentos.
Para fazer essa hélice girar, o PBIS adota uma combinação de metodologias ágeis que fortalecem a colaboração e o foco em resultados. Abordagens como o Design Thinking ajudaram a mapear as necessidades da indústria de alimentos e da sociedade, orientando as pesquisas para soluções aplicáveis.
No dia a dia, a gestão é conduzida com práticas inspiradas no Scrum, no uso de OKRs (Objetivos e Resultados-Chave) e em ferramentas digitais de acompanhamento, o que garante agilidade, alinhamento entre os parceiros e foco na entrega de impacto.
[Citação Claire] “A participação das empresas no PBIS vai muito além do apoio financeiro e da doação de equipamentos. Essa proximidade com o setor produtivo nos permite compreender, com mais precisão, os desafios enfrentados no dia a dia da indústria de alimentos. Com isso, conseguimos direcionar nossas pesquisas para soluções concretas, acelerando o processo de transferência de tecnologia da academia para o mercado.”
– Claire Sarantópoulos, diretora de Ciência e Tecnologia do Ital/Apta/SAA e gestora de Comunicação do NPOP-PBIS
Resultados que refletem impacto e consistência
Dentre os resultados relevantes do NPOP-PBIS, destaca-se o depósito de uma patente relacionada ao desenvolvimento de lipídios estruturados de baixa absorção, assim como outras tecnologias que estão em processo de proteção intelectual e patenteamento.
A produção científica também avança: os pesquisadores do projeto já publicaram mais de dez artigos em revistas científicas de alto impacto, compartilhando os avanços das quatro plataformas com a comunidade científica nacional e internacional.
Em paralelo, há o investimento em formação de pessoas: atualmente, 24 bolsas estão ativas em diferentes níveis (pós-doutorado, doutorado, mestrado, iniciação científica e treinamento técnico), fortalecendo a capacidade brasileira em pesquisa aplicada e inovação.
Outro destaque é a realização de eventos e encontros técnicos que promovem a troca entre universidades, institutos de pesquisa, governo e empresas. Esses momentos são estratégicos para compartilhar resultados, alinhar expectativas e impulsionar novas colaborações, consolidando o PBIS como um verdadeiro ecossistema de inovação colaborativa.
Colaboração que gera impacto e transforma o futuro
O NPOP-PBIS é mais do que um projeto de pesquisa: é um modelo de articulação entre ciência, setor produtivo e governo, com foco em soluções concretas para os desafios da sociedade. A partir do desenvolvimento de ingredientes saudáveis, sustentáveis e inovadores, contribui para melhorar a qualidade dos alimentos consumidos no Brasil e fortalecer a indústria nacional.
Ao conectar diferentes setores em torno de objetivos comuns, o PBIS mostra que é possível transformar conhecimento científico em impacto real. Os resultados alcançados são apenas o começo de uma trajetória que reafirma o valor da pesquisa colaborativa como um dos caminhos mais eficazes para a inovação e o desenvolvimento.
Texto desenvolvido por
Descascando a Ciência: empresa de comunicação que traduz a ciência em conteúdos estratégicos e acessíveis. Atuamos com planejamento, produção e divulgação de pesquisas e tecnologias para aproximar ciência, sociedade e mercado.
Principais referências
As hélices da inovação: interação universidade-empresa-governo-sociedade no Brasil /Marcelo Gonçalves do Amaral, Andréa Aparecida da Costa Mineiro, Adriana Ferreira de Faria (organizadores) – Curitiba: CRV, 2022.