Prioridade para responder a um dos principais desafios de saúde e bem-estar da população, o combate à obesidade é hoje uma emergência global. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a projeção é que em 2025 cerca de 2,3 bilhões de adultos estejam com sobrepeso e mais de 700 milhões sejam considerados obesos.
No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, mais da metade da população apresenta excesso de peso, enquanto o índice de obesidade supera os 20%. Longe de ser um problema que atinge a uma faixa etária exclusivamente, o relatório público do Sistema Nacional de Vigilância Alimentar e Nutricional, com dados de pessoas acompanhadas na Atenção Primária à Saúde, revela que as crianças também estão no foco da discussão: cerca de 340 mil delas, entre 5 e 10 anos, foram classificadas como obesas em 2022.
Para fazer frente a esse desafio de saúde pública, a indústria farmacêutica saiu em busca de uma droga capaz de controlar a obesidade. Assim, no final dos anos 1990 houve a aprovação de um inibidor seletivo da lipase pancreática. O Orlistat, popularizado no mercado como Xenical, notabilizou-se ao oferecer a possibilidade de absorção muito baixa de triglicerídeo (TG).
No entanto, o medicamento também implicava baixa absorção de vitaminas lipossolúveis (A, D, E, K), ácidos graxos essenciais e poli-insaturados, o que resultava em uma série de efeitos colaterais, principalmente relacionados a problemas gastrointestinais, como diarreia e gases, provocados pelo acúmulo de lipídios não digeridos nas fezes. Somou-se a isso, o fato de ser necessária uma suplementação no médio e longo prazos, abandonada pela maior parte dos pacientes em menos de um ano.