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Tecnologia de alimentos e clean label: Inovação com mais transparência

Tecnologia de alimentos clean label alia ciência, inovação e sustentabilidade para desenvolver produtos seguros e transparentes.

A busca por alimentos mais naturais, simples e sustentáveis impulsionou um movimento conhecido como clean label — que vai além da estética do rótulo. Por trás dessa tendência, estão tecnologias que permitem criar produtos com menos aditivos artificiais, menor processamento e ingredientes reconhecíveis para o consumidor.

Neste artigo, vamos mostrar como a sustentabilidade e o conceito clean label estão sendo incorporados desde o início do desenvolvimento de novos ingredientes — do laboratório à prateleira.

Clean label: inovação com base na ciência

O movimento clean label nasceu do desejo do consumidor por alimentos mais naturais, simples e seguros. Isso significa rótulos com menos aditivos artificiais, nomes de ingredientes reconhecíveis e a percepção de que o produto é “melhor para você”. Mas o que poucos sabem é que, por trás dessa busca, existe um grande desafio técnico e científico.

Afinal, muitos aditivos — como corantes, conservantes e aromatizantes — são seguros, regulados por autoridades sanitárias e essenciais para a estabilidade e segurança dos alimentos. A simples exclusão desses ingredientes pode comprometer a qualidade, reduzir a vida útil e até colocar em risco a saúde de quem consome.

O papel da tecnologia de alimentos

É nesse ponto que entra o papel fundamental da tecnologia de alimentos. Para atender à demanda por rótulos mais limpos sem abrir mão da segurança e da funcionalidade, pesquisadores vêm desenvolvendo novas rotas tecnológicas, ingredientes naturais e processos sustentáveis.

O uso de corantes naturais, como antocianinas e carotenoides, por exemplo, exige domínio sobre as condições de pH, luz e temperatura para evitar degradação. No caso dos aromatizantes, técnicas como a extração por ultrassom ou com fluidos supercríticos reduzem o uso de solventes e ainda permitem o aproveitamento de resíduos agroindustriais.

PBIS desenvolve soluções clean label com base em ciência

Nesse sentido, o PBIS (Plataforma Biotecnológica Integrada de Ingredientes Saudáveis) tem buscado soluções para reformular produtos alimentícios de maneira mais limpa, segura e sustentável. A proposta é aliar o conhecimento científico à inovação tecnológica para entregar ingredientes funcionais de alto valor, com menor impacto ambiental e que atendam às expectativas do consumidor moderno.

Entre os exemplos de soluções alinhadas ao conceito clean label, podemos destacar:

  • Gordura estruturante obtida por processos mais sustentáveis, como a Interesterificação enzimática ou química e com potencial substituição total ou parcial das gorduras de palma.
  • Farinha proteica vegetal obtida por fracionamento a seco e funcionalizada com processos físicos, como micro-ondas e moagem de esferas, para uso em produtos plant-based.
  • Extratos fenólicos com ação antioxidante, obtidos a partir de resíduos agroindustriais e com métodos de extração limpos, como ultrassom e micro-ondas.
  • Fibras solúveis com ação prebiótica, produzidas a partir da celulose por biotecnologia — um exemplo de ingrediente sustentável e funcional para enriquecimento de produtos.

Mais do que remover ingredientes da lista, o desafio é reformular produtos com responsabilidade, mantendo a segurança, o sabor e a funcionalidade tecnológica. É esse equilíbrio entre ciência, inovação e sustentabilidade que permite transformar o conceito de clean label em uma realidade possível — e confiável — para a indústria e para o consumidor.

A importância de comunicar com responsabilidade

Ainda que a tendência clean label seja movida por boas intenções, ela exige responsabilidade tanto de quem desenvolve os ingredientes quanto de quem formula e rotula os produtos. Por isso, o PBIS também busca apoiar a indústria na construção de argumentos técnicos e científicos sólidos para a comunicação com o consumidor.

A ideia é que a escolha por um produto clean label não se baseie apenas em estética de rótulo, mas em informações transparentes, evidências confiáveis e, principalmente, soluções que façam sentido para a saúde das pessoas e do planeta.

Principais referências

GARCIA, E. E. C. et al. (Ed.). Brasil Food Safety Trends 2030: transformações, tendências e desafios para a governança e gestão da segurança dos alimentos. 1. ed. Campinas – SP: ITAL, 2023.

REGO, R. A.; VIALTA, A.; MADI, L. F. C. (Ed.). Indústria de alimentos 2030: ações transformadoras em valor nutricional dos produtos, sustentabilidade da produção e transparência na comunicação com a sociedade. 1. ed. São Paulo: ITAL/ABIA, 2020.

Texto desenvolvido por

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